
Neste final de semana participei da prova 24 horas dos fuzileiros navais organizada pela Corpore.
Para quem não sabe, trata-se de uma corrida em uma pista de 400 metros, que dura 24 horas, a cada duas horas a organização da prova inverte o sentindo que rodamos a pista.
Sem duvida nenhuma foi uma aventura única na minha vida e ainda não encontro (até por falta de capacidade) as palavras corretas para descrever essa nova experiência.
A prova se deu início as 9:00h da manhã do sábado dia 28 de agosto, confesso que estava com uma mistura de sentimentos nos minutos que antecediam a largada, havia sentimento de medo, expectativa, euforia e ansiedade. Controlar tudo isso, e fazer uma largada equilibrada, foi um grande desafio.
Um dos temores era que temperatura estivesse alta e a umidade relativa do ar estivesse baixa, porém contra todas as expectativas a manhã no rio foi bem úmida e com uma temperatura bem agradável próximo aos 24 graus. Com um clima assim a maioria dos atletas optou por correr mais forte no inicio. Como essa era a minha primeira prova de 24 horas, resolvi correr em ritmo lento intercalando com caminhadas fazendo uma média próxima a 8,5 km por hora.
O que é bom durou 4 horas, pois no início da tarde o sol carioca deu o ar da graça aumentando a temperatura, com isso resolvi me poupar abaixando o ritmo para um pouco abaixo de 8 km por hora.
Uma das coisas que percebi é que a maioria dos atletas segue uma estratégia, porém vão se adequando de acordo com as condições climáticas ou físicas, ou seja, há sempre um plano B,C...
No final da tarde a temperatura começou a cair e resolvi aumentar o ritmo novamente, porém uma dor que imagino que seja no tendão do Bíceps Femoral (musculatura posterior da coxa), começou a me incomodar, e em cada duas horas eu entrava na massagem e ficava cerca de 15 minutos lá para soltar a musculatura que me permitia girar por mais duas horas, isso fez que automaticamente meu ritmo diminuísse se aproximando a 7 km por hora. Mas não deixava isso me desanimar e estava com prognóstico de realizar 150 km na prova.
As 04:00 horas da manhã resolvi trocar o curativo que uso para evitar as bolhas e solicitei ao médico da prova para fazer isso, enquanto estava lá aproveitei para descansar, porém quando deitei me senti com náusea e acabei vomitando. Esse fato me deixou preocupado, pois a hidratação e alimentação é super importante em uma prova dessa, então fui logo me hidratar novamente e vomitei novamente, o médico me passou um remédio para enjôo e pediu para descansar um pouco, segui a orientação tomei um banho quente troquei de roupa e fui na tenda do Branca Esportes onde estava a Sinara e nossa vizinha de tenda a Patricia da equipe Acrimet, fiquei sentado, e a Patricia que me lembrou que eu tinha levado soro, pois nessa altura já esquecemos até o nome, e resolvi tomar o soro e descansar um pouco.
Esse pouco se estendeu até as 06:30 da manhã, quando consegui me alimentar novamente e já estava bem hidratado. Porém segui prudente e apenas caminhei, a essa altura da prova meu foco era só me divertir e conversar com os atletas e admirar esses fantásticos ultras.
A chegada é emocionante, faltando cerca de 5 minutos os atletas começam a se encontrar próximo a chegada dos 400 metros a essa altura 400 metros a mais ou a menos não importava para a maioria dos atletas e aguardamos quase todos juntos o sino da chegada. Prova finalizada e todos nos cumprimentavam entre risos e lágrimas, pois todos sabemos o que significou essas 24 horas para cada um dos desafiantes.
Vinícius diz em uma de suas letras: “é impossível ser feliz sozinho”, sempre concordei com essa afirmação, e novamente isso ficou claro neste final de semana, recebi incentivos antes e durante a prova de vários amigos e familiares, sei que muitos se deram ao trabalho de ir ao computador e enviar mensagens de incentivo durante a prova, o locutor leu só algumas pois dizia que a quantidade era enorme e seria impossível ler todas as mensagens que chegavam para todos os atletas. Estou tentando pedir a organização da prova uma cópia dos recados, para responder um a um. Mas saibam que toda a corrente positiva me ajudou muito nesse desafio.
Queria registrar o incentivo especial que recebi dos colegas da equipe Branca Esportes: Tânia, Rodolfo, Amorim, Leandro e é claro a vó Lucina. Um obrigado especial a Sinara que permaneceu acordada 24 horas a beira da pista sendo nosso verdadeiro anjo da guarda, agradecer a todos os corredores e apoios que estavam lá, em especial para o Jorge Cerqueira e o Marcio Villar que conquistou o segundo lugar na prova.
Continuando a seção Maguila... Agradeço sempre ao meu mestre o Branca, minha mãe, meu pai ( o campeão de golfe), minhas irmãs e aos meus sobrinhos. Sei que muitos familiares estavam online acompanhando a prova, obrigado a todos, valeu Li, valeu João e Le. Não cabe todos os agradecimentos, mas você saiba que sou grato. E é claro sempre o obrigado para a Paty, por sempre me incentivar.
Quero ressaltar que esta foi uma prova muito bem organizada e segue os meus parabéns a Corpore e aos Fuzileiros Navais.
No final percorri exatos 132,8 km que correspondeu a 332 voltas na pista. Valeu!!
