terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Origem da Motivação

Ainda estou de molho e tratando o meu joelho, semana que vem volto aos treinos.
Hoje estou um pouco nostálgico, mas acho que de uma forma muito positiva, pois como diz Paulinho da Viola “Eu não vivo do passado, o passado é que vive em mim. O meu tempo é hoje.”
Minha carreira esportiva começou ainda com 11 anos, no ciclismo. Naquele tempo eu brincava de treinar e brincava de competir. Eu cresci na cidade de Santos, mais especificamente no bairro da ponta da praia. Meu pai sempre me diz que a minha infância foi a última de menino na rua, sei que ainda existem cidades no interior desse nosso país onde crianças ainda crescem brincando na rua, mas na maioria das cidades, inclusive em Santos, as crianças crescem brincando em casa, em clubes ou em condomínios, tenho saudades daquela sensação boa de liberdade...
Voltando ao assunto, eu brincava, digo treinava ciclismo nas ruas do Bairro da Ponta da Praia e na Avenida Portuária, mas apesar de me divertir com os treinos, eles eram muito sérios, com direito a ritmo, sprint e tudo mais, que os mais experientes me mandavam fazer.
Todo domingo havia competição na baixada, e sempre foi muito legal, pois tenho a sorte de ter uma família muito unida. Meus pais, minhas irmãs e meus avós, acordavam antes das 7:00h da manhã todo domingo para me verem nas competições, incentivo não faltava! Logo cedo eu chegava na avenida dos portuários e via que o Vô Tonho já estava lá desde antes da 7:00h da manhã ajudando os agentes do trânsito, a fechar a Avenida Portuária para as competições do dia. Vô Tonho por sinal era uma figura carimbada nas provas, conhecido como Dr Neves, era famoso por conhecer de tudo (pelo menos ele tinha certeza de conhecer tudo), e era comum ver colegas e ciclistas pedirem orientação ao meu avô, mas sempre tive para mim que o Vô não sabia nem andar de bike... Acho que minhas irmãs vinham também por diferentes razões, pois é difícil de entender que duas adolescentes optem por acordar cedo no domingo para passar a manhã assistindo corridas de ciclismo do irmãomais novo. Denise, minha irmã mais velha tinha a justificativa de ir ver o namorado da época que também competia, por sinal o Cléo foi também um grande incentivador. E tenho para mim que a miha outra irmã a Daniela ia paquerar alguns ciclistas mais profissionais que competiam por lá. Porém independente das segundas intenções, sempre foi muito claro que a torcida delas por mim era genuína e sempre me lembro com satisfação em saber que naquele momento as minhas irmãs que sempre foram e ainda são foco de minha admiração, estavam lá torcendo por mim, vibrando com as vitórias e ao lado nas derrotas, como era legal isso. Minha mãe estava lá para o que der e vier e sempre mandava frases e incentivos bem legais bem na hora que passava por perto, já meu pai mais comedido era mais discreto, mas sabia exatamente o que falar nos finais das provas. Minha Vó Lucia , a imagem mais legal que tenho dela nessa época, é de ela estar no fundo de uma foto saltando com as mãos levantadas, enquanto eu erguia as mãos do guidão da bicicleta ao vencer uma corrida. Infelizmente não encontro mais essa foto.
É incrível que mais de 25 anos depois, percebo que algumas coisas não mudam, meus pais ainda se preocupam e torcem por mim em minhas empreitadas esportivas, minhas irmãs torcem e me enviam mensagens após os meus desafios de ultramaratonas, minha vó continua torcendo muito, pena que os 94 anos não permitem saltos de comemorações, já o vô Tonho, esse deve estar provavelmente ensinando algum anjo como ele deve fazer para conseguir alcançar maiores vôos otimizando os ciclos de batidas de asas, apesar dele nunca ter voado.